O curso de extensão universitária "Os caminhos da Micro-história: Obras selecionadas", promovido pelo Memorial do Judiciário em parceria com a Universidade Federal de Sergipe e o Grupo de Pesquisa Memória e Patrimônio de Sergipe - GEMPS, teve início na tarde desta terça-feira, dia 10/08. Com 110 inscritos, entre profissionais e estudantes dos cursos de História, Letras e Direito, o curso utiliza uma modalidade da História Social, a micro-história, e discute obras literárias.
No primeiro encontro, já que a programação ocorre a cada 15 dias, os participantes puderam debater sobre a obra de Boris Fausto, O Crime do restaurante Chinês - Carvalho, futebol e justiça na São Paulo dos anos 30. A debatedora Profª. Drª. Janaina Mello Cardoso, da UFS, explicou que o livro, que conta uma história verídica e obteve grande repercussão na imprensa no ano de 1938, é um retrato da sociedade da época e de como atuava a justiça da cidade de São Paulo.
O historiador Rafael Santa Rosa explicou que a procura pelo curso foi imensa, o que pode ser justificado pela temática utilizada que é diferenciada e aborda uma nova sistemática diferente daquelas empregadas em sala de aula. "Inicialmente ofertamos 35 vagas, mas a procura foi tamanha que tivemos que ampliar para 110 inscritos", comemora.
De acordo com a Diretora do Memorial, Renata Mascarenhas, o curso somente foi possível através do convênio firmado em março deste ano com a UFS para a execução de atividades de pesquisa e extensão, e que, entre outros benefícios, possibilitou a participação de docentes, entre mestres e doutores. "A UFS e o Memorial possuem potencialidades de cooperação que tornam a parceria bem-sucedida naturalmente", avaliou.
O próximo encontro ocorrerá no dia 26 de agosto com a seleção da obra: A Herança Imaterial - Trajetória de um Exorcista no Piemonte do Século XVII, de Gionanni Levi. O debatedor será o Prof. Dr. Antônio Lindvaldo Sousa, da UFS. O curso de extensão se estende até o mês de dezembro.
Micro-História
A Micro-História é um gênero historiográfico surgido com a publicação, na Itália, da colecção "Microstorie", sob a direcção de Carlo Ginzburg e Giovanni Levi, pela editora Einaudi, entre 1981 e 1988. Numa escala de observação reduzida, a análise desenvolve-se a partir de uma exploração exaustiva das fontes, envolvedo a descrição etnográfica e tendo preocupação com uma narrativa histórica que se diferencia da narrativa literária porque se relaciona com as fontes. Contempla temáticas ligadas ao cotidiano de comunidades específicas - geográfica ou sociologicamente -, às situações-limite e às biografias ligadas à reconstituição de microcontextos ou dedicadas a personagens extremos, geralmente figuras anônimas, que passariam despercebidas na multidão.
Tal como proposto por Jacques Revel (1998), a Micro-História consiste em uma forma de investigar o objeto histórico de maneira "intensiva", ou seja, os pequenos objetos são analisados em sua totalidade, tomados como "micro-universos", os quais ainda que sofram influências dos aspectos macro da realidade (notadamente em nível político e econômico) possuem um poder de explicação único, e que não pode ser obtido com o redimensionamento a uma escala maior.
fonte: Diretoria de Comunicação - TJSE (79) 3226-3125