A Economia da Cultura: Sergipe em foco
*Janaína Cardoso de Mello **Estefanni Patrícia Santos Silva
Na contemporaneidade, a preocupação com o resgate das raízes culturais dos povos em escala global fez emergir o conceito de “economia da cultura” no qual o conhecimento passa a ser mais valorizado que o dinheiro, uma vez que a cultura em seu “valor qualitativo” tem promovido efeitos multiplicadores quantitativos na geração de emprego, renda e auto-sustentabilidade de comunidades tradicionais, além de movimentar setores da cadeia produtiva relativamente distantes do processo cultural.
Mais do que números frios, tabelas e gráficos com o PIB, índices de superávit ou déficit, a cultura tem humanizado a economia em sua relação preço (bens e serviços) e valor (simbólico/comportamental), dimensionando a reflexão sobre os usos da cultura para a promoção do desenvolvimento como um investimento passível de retorno e afirmação da diversidade e da identidade de um povo. A economia da cultura opera com dois fluxos: sendo o primeiro da “oferta/produção-distribuição/difusão-demanda/consumo/fruição” e o segundo da “educação e treinamento-democracia de difusão-hábito e interesse”.
O bem estar advindo das ações culturais, a potencialidade das manifestações, os produtos da ação humana e a incorporação de uma imagem positiva do Brasil no exterior podem ser observados no Ranking de Competitividade do Fórum Econômico Mundial que gerou o documento “The Travel & Tourism. Competitiveness Report 2009” revelando a melhor classificação do Brasil (12º) em seus recursos culturais (sítios patrimoniais/imaterial; exportações de indústrias criativas, estádios, festivais/festas). Antes, o Sistema de Informações e Indicadores Culturais 2003-2005 já havia demonstrado o crescimento em 19,4% das empresas culturais geradoras de 1,6 milhões de empregos. (Economia da Cultura. Idéias e vivências. Rio de Janeiro: Publit, 2009).
Na rota dessas transformações a Secretaria de Cultura do Estado de Sergipe, com outros órgãos, tem trazido ao Estado debates sobre a economia da cultura disponibilizando-os aos estudantes universitários de diversas áreas (principalmente cultural), gestores, artistas e interessados na área. As cidades alvos para captação de dados e elaboração de planos de desenvolvimento cultural no ano de 2009 foram Laranjeiras e São Cristóvão (sendo a cidade mais antiga do Estado neste ano de 2010 candidata a “patrimônio da humanidade”). No campus da Universidade Federal de Sergipe em Laranjeiras têm ocorrido eventos da Economia da Cultura (seminários, GT’s) como um importante intermediário nas discussões culturais. No dia 15 de abril de 2010, no Centro de Convenções de Sergipe (CIC), a economista Ana Carla Fonseca Reis, palestrou sobre a importância da economia da cultura em promover o desenvolvimento social e a educação patrimonial para toda a população. A socióloga Kátia de Marco abordou a realidade cultural enquanto um instrumento de empoderamento da sociedade civil e de humanização da economia, do conhecimento dos povos e da cultura do outro. Já o economista Leandro Valiati explicou a economia como uma busca pelo consumo do bem-estar e a cultura como um instrumento do bem-estar. Diante disto, o desenvolvimento socioeconômico de Sergipe relaciona-se ao fortalecimento da cultura regional, da valorização da música, do teatro, da dança, do artesanato, das bibliotecas, do folclore e dos museus. O século XXI é o momento da cultura como economia criativa.
*É professora doutora do Núcleo de Museologia da Universidade Federal de Sergipe. **É aluna do 3º período do curso de Museologia da UFS e Monitora da Área de Cultura Histórica.
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