Comunicação: uma função museológica
Esteffani Patricia Santos Silva¹
Maria Izabel Carregosa de C. Vieira²
Fábio Figueirôa³

O objetivo deste texto é refletir sobre as ações educativas em museus como uma forma de participação dessas instituições no desenvolvimento social e na orientação de preservação patrimonial ao interagir com membros da comunidade. Essa reflexão está pautada no texto Ações Educativas em Museus, produzido por Vanessa Paola Rojas Fernandez, que descreve propostas educativas de alguns museus de São Paulo.

A autora cita Pierre Bourdieu e sua obra O amor pela Arte, cuja tendência é considerar o público freqüentador dos museus pertencente à classe alta e pretende examinar se os projetos educativos que elencou conseguem contribuir para uma “desetilização museal”. Ela registra que os mais “leigos”, considerados de baixa renda, só sentem-se seguros naqueles recintos se forem monitorados, guiados, inclusive por setas e panfletos como uma “forma escolar de ajuda”.

Mas se para as pessoas de baixa renda, as visitas ao museu podem ser complicadas, a função deste é procurar interagir com esse grupamento social e promover ações que o aproxime da instituição.
É importante perceber que a comunicação tem como ponto de partida a exposição e esta é o produto de um trabalho interativo de pesquisa e reflexão que dá origem ao conhecimento que está exposto. Esse processo museológico também compreende uma ação de comunicação.

No texto Ações Educativas em Museus, da autora Vanessa Paola Rojas Fernandez, foi apresentado um pequeno histórico das ações educativas de alguns museus – que ora se reproduz - e se deteve um pouco mais ao descrever os projetos do MAE – Museu de Arqueologia e Etnologia da USP – Universidade de São Paulo. São eles:
1 – Museu Paulista da USP – (www.mp.usp.br). Realiza cursos, seminários, palestras, assessoria e consultoria para visitantes, instituições professores, pesquisadores, etc. Distribui publicações do Museu, cd-roms e fitas de vídeo, no intuito de promover ação educativa.

2 – Museu de Arte Contemporânea da UFS – (www.mac.usp.br). Permite visitas virtuais e presenciais orientadas e distribuição de roteiros aos professores, que segundo a autora do texto, proporciona aproximação entre o professor, aluno e museu. Apresenta o projeto MEL (Museu, Educação e Lúdico). Mas não especifica como é desenvolvido.

3 – Museu da Casa Brasileira – (www.mcb.sp.gov;br). Oferece cursos e palestras para professores, tem parceria com escolas e universidades. Oferece também, transporte gratuito para instituições públicas visitarem o museu. É possível visitá-lo virtualmente.

4 – Museu de Arte Moderna – (www.mam.org.br). Possui um programa de grupo de estudos para professores, intitulado Contatos com a Arte, que promove encontros e atividades práticas em ateliês a docentes de escolas públicas e privadas e “oficinas de criatividade”. Oferece ainda o programa “Projetos Especiais” voltado para instituições de saúde e de educação especial, constante de cursos de arte plástica e oficinas para professores que atuam nessa área. Proporciona visita virtual.

5 – Paço das Artes – (www.paçodasartes.sp.gov.br). Proporciona atendimento diferenciado a escolas, 3ª idade e grupos especiais, além de cursos, palestras e debates. Existe um projeto-piloto O Paço vai a Escola, com o objetivo de unir a instituição a algumas escolas visando práticas de arte-educação planejada.

6 – Museu de Arte de São Paulo (MASP) – (www.masp.art.br). Oferece cursos e ateliês de estudo da arte; assessoria e cursos a professores interessados em utilizar as exposições dos museus em suas atividades escolares. O MASP aluga um Guia Eletrônico para um roteiro básico de visitação.

7 - Museu Lasar Sagall - (www.mls.gov.br). Promove aos sábados, os programas Museu-Escola e Arte em Família, além de oficinas cursos e palestras.

8 – Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) – (www.mae.usp.br) - Segundo a autora, este museu apresenta propostas diferenciadas e inovadoras, e por isso foi escolhido como objeto central do seu estudo sobre as ações educativas em museus.

O MAE está localizado na Universidade de São Paulo e baseia seus projetos educativos na interdisciplinaridade, que possibilita maior interação de idéias, ações e emoções junto ao público. Conta com alto índice de visitação escolar e docente.

Além das ações abaixo discriminadas a instituição oferece um trabalho educativo diferenciado para o público da 3ª idade; para a comunidade São Remo – favela vizinha ao Museu, elaborou projeto que visa a musealização da cidade de Piraju e promove também as férias no MAE (oficinas, no mês de julho). Esse Museu possui uma preocupação especial em suas ações educativas: trabalhar com a preservação patrimonial dos artefatos arqueológicos, que é seu objeto de estudo. Assim, a equipe proporciona ao público um conhecimento profundo sobre a identidade cultural, ensejando que as pessoas associem os artefatos aos tempos remotos vividos pelos homens pré-históricos, e compreendam as origens da sociedade. Além disso, propicia aos visitantes um resgate do patrimônio material e imaterial através das histórias orais, documentais, ambientais, etc., utilizando os indícios da memória para despertar no público sentimentos de respeito e zelo pelos registros do passado.

Os projetos destinados ao público escolar, que também visam capacitar professores como agentes históricos na construção da educação e da cidadania, são os seguintes: Orientação para professores conhecerem e utilizarem a Exposição “Formas de Humanidade” no âmbito escolar; Sala de Professores Paulo Freire, onde os docentes têm acesso a ampla bibliografia relacionada com temas museológicos e arqueológicos. Oferece também apoio pedagógico e participação em palestras, mesas-redondas, cursos e oficinas; Material didático para professores; Guias temáticos relacionados ao acervo do museu; Kit pedagógico de “Origem do Homem”; Kit de Objetos Arqueológicos e Etnográficos e Kit de Objetos Infantis Indígenas. Esses materiais, disponibilizados periodicamente para os professores sob a forma de empréstimo, é constituído de objetos, painéis e textos teóricos, além de sugestões pedagógicas.
Portanto, por meio dessas atividades educativas analisadas, nota-se uma preocupação comum entre os museus pesquisados: promover ações que despertem nas pessoas a curiosidade em conhecer mais a fundo as instituições, tornando-as um espaço de resgate da memória, mais dinâmico, interessante e valorizado.

Dessa maneira, a autora conclui que atualmente os museus estão mais acessíveis à sociedade em geral, pois conta com visitação de um público mais eclético, formado de diferentes faixas etárias e de “níveis culturais/sociais”.
Não restam dúvidas sobre algumas mudanças ocorridas nos museus paulistas. Contudo, ainda existem muitos desafios para enfrentar.

¹ Esteffani Patricia Santos Silva é aluna do curso de Museologia, da Universidade Federal de Sergipe, do campus de Laranjeiras.

² Maria Izabel Carregosa de C. Vieira é aluna do curso de Museologia, da Universidade Federal de Sergipe, do campus de Laranjeiras.

³ Fábio Figueirôa é professor substituto do curso de Museologia da UFS e Mestre em Educação.




Artigo publicado no site Museus em Sergipe
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